O Transtorno de Pânico é caracterizado por um quadro de ansiedade e medos intensos que surgem de modo inesperado e recorrente, cujo tratamento tem se mostrado eficaz através da TCC.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o Transtorno de Pânico, classificado como um dos transtornos de ansiedade, é caracterizado por um quadro de ansiedade e medos intensos que surgem de modo inesperado e recorrente, aparentemente sem um fator desencadeante observável, acompanhado por sintomas físicos e cognitivos (ex. presença de pensamentos catastróficos).
Os primeiros ataques de pânico podem surgir a partir de situações estressantes, geradoras de ansiedade. Assim, situações corriqueiras como a possibilidade de ficar preso em um elevador por alguns instantes, preocupações com prazos para entrega de trabalhos ou dificuldades em determinar os passos iniciais de uma tarefa difícil, são exemplos de gatilhos que podem desencadear ataques de pânico.
Durante um ataque de pânico as pessoas acreditam que podem vir a morrer ou que estão tendo um ataque cardíaco. Além disso, também podem presenciar a sensação de perda de controle sobre o próprio corpo ou a presença de pensamentos e emoções que as levam a acreditar haver algo de errado com seu corpo.
Tais sensações derivam do fato de que, sem um motivo aparente, uma série de reações fisiológicas passam a ser desencadeadas em seu organismo (mesmo que não haja qualquer problema de saúde ou indício físico), as quais podem vir acompanhadas de pensamentos catastróficos como:
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“Não vou conseguir respirar”
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“Vou sufocar”
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“Minha respiração vai travar”
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“Vou perder o controle sobre meu corpo”
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“Vou ficar desnorteado”
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“Vou desmaiar”
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“Vou cair e ninguém saberá me socorrer”
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“Estou tendo um ataque cardíaco”
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“Vou morrer a qualquer instante”
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“Estou ficando louco”
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“Preciso de um médico urgente”
Atrelados a estes pensamentos, alguns sintomas podem ser observados:
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Palpitações ou ritmo cardíaco acelerado;
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Suor;
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Tremores;
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Sensações de falta de ar;
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Sensações de asfixia;
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Dor ou desconforto no peito;
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Náusea ou mal-estar abdominal;
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Boca seca;
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Sensações de tontura, desequilíbrio e desmaio;
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Visão embaçada ou borrada;
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Desrealização (sensação de irrealidade, de não saber estar onde se está);
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Despersonalização (sentir-se destacado de si mesmo ou perdendo a ligação com a própria personalidade, o que traz uma sensação de estranheza em relação a si mesmo);
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Parestesias (sensação de dormência ou formigamento);
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Calafrios ou ondas de calor;
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Tensão corporal crescente.
Um ataque de pânico pode se tornar um evento traumático de forma que, a ideia de passar novamente por aquela situação, produz no organismo sensações similares as já vivenciadas, resultando em novos pensamentos perturbadores.
Pesquisas acerca do tema, apontam que indivíduos que experimentam ataques de pânico, têm medo de novas crises, interpretando-as como perigosas. Assim, podem temer ficar sozinhos ou frequentar lugares desacompanhados, visto o medo frente a possibilidade de não conseguirem controlar futuros ataques.
A associação de uma situação em que se tenha presenciado um ataque de pânico com pensamentos perturbadores podem levar o indivíduo a apresentar um novo ataque de pânico, reforçando a ideia de que os ataques são incontroláveis e provêm de sensações corporais. Assim, podem se convencer de que a evitação da “situação provocadora” é a única possibilidade de alívio.
O comportamento de evitação é comum nesse quadro. A cada vez que a pessoa foge da situação ameaçadora, o alívio experimentado em seguida, reforça seu comportamento, ou seja, o medo o faz abandonar o local para que seja possível manter o controle. Em contrapartida, a longo prazo, a evitação acaba por alimentar a ansiedade, uma vez que reforça a ideia de que a pessoa não é capaz de lidar com os perigos, o que por sua vez, pode desencadear novos ataques de pânico.
TRATAMENTO PSICÓLOGICO BASEADO NA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL
De acordo com resultados de estudos e prática clínica, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) tem se mostrado eficaz em diversos tipos de transtornos, estando entre eles, o transtorno de pânico.
O modelo cognitivo proposto pela TCC, parte do pressuposto de que o modo como um indivíduo interpreta um acontecimento, exerce influência direta em suas emoções e seu comportamento.
Pacientes com transtorno de pânico frequentemente apresentam interpretações distorcidas e catastróficas frente às sensações corporais por eles vivenciadas. Essas interpretações são oriundas de pensamentos muito breves, denominados pela TCC como pensamentos automáticos, os quais por sua vez, têm origem nos conteúdos cognitivos mais rígidos e profundos, conhecidos como crenças centrais e intermediárias.
No tratamento do transtorno de pânico, a Terapia Cognitivo Comportamental busca a identificação e reestruturação dos padrões distorcidos de pensamento, bem como o estabelecimento de repertório comportamental mais adaptativo. Os objetivos desse processo, envolvem um gradativo rompimento dos ciclos de pânico, através da diminuição dos estágios de ansiedade antecipatória, caracterizados pela presença de sintomas fisiológicos e pensamentos disfuncionais, e do aprendizado de estratégias de manejo das crises e aquisição dos repertórios de enfrentamento adequados.
A depender da intensidade e da frequência dos sintomas, a administração medicamentosa conjunta pode ser necessária, contribuindo de forma significativa para o alcance de resultados mais positivos. (RANGÉ E BERNICK, 2001).
REFERÊNCIAS
RANGÉ, B., BORBA, A. (2017). Vencendo o pânico: Teoria integrativa para quem sofre o transtorno de pânico e a agorafobia – Manual do Cliente. 2º Ed. Rio de janeiro: Cognitiva, 2º Edição.
GREENBERGE, D., PADESKY, C. A. (2017). A mente vencendo o humor: mude como você se sente, mudando como pensa. Porto Alegre: Artmed.
RANGÉ, B. (2001). Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegra: Artmed.
INDICAÇÃO DE LEITURA: Livro "Vencendo o pânico: terapia integrativa para quem sofre o transtorno de pânico e a agorafobia – Manual do Cliente” que abrange de modo compreensível e extremamente útil, informações sobre a natureza e tratamento dos transtornos de pânico e agorafobia à luz da TCC.
Caroline David Valú e Equipe do IFTC
Psicóloga Clínica
Terapia Cognitivo Comportamental
Infância e Adolescência
CRP: 06/138047