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postado em 14/10/2019

Intervenção neuropsicológica nos transtornos de aprendizagem

O neuropsicólogo é um profissional que atua principalmente na avaliação e no tratamento (reabilitação neuropsicológica), das consequências de disfunções do sistema nervoso.
É consenso entre pesquisadores e clínicos que a neuropsicologia é uma ciência interdisciplinar e constitui-se como um campo de exercício e investigação de várias áreas do conhecimento e de atuação profissional envolvidas com as relações entre funções cognitivas e o sistema nervoso central (HAASE et al., 2012). Em março de 2004, o Conselho Federal de Psicologia reconhece a especialidade de Neuropsicologia para concessão e registro de título de especialista ao psicólogo, definindo seu campo de atuação diagnóstico, tratamento, acompanhamento, pesquisa da cognição, emoção, personalidade e comportamento relacionados ao funcionamento cerebral.
O Conselho Federal de Fonoaudiologia, em janeiro de 2015, publicou a resolução que dispõe sobre as atribuições e competências pertinentes ao Fonoaudiólogo Especialista em Neuropsicologia. Segundo Brandão (2016), atua na prevenção, na avaliação, no tratamento de distúrbios da comunicação afe­tados pela cognição e pelo funcionamento cerebral.
O neuropsicólogo é um profissional que atua principalmente na avaliação e no tratamento (reabilitação neuropsicológica), das consequências de disfunções do sistema nervoso. As disfunções podem estar relacionadas ao desenvolvimento do sistema nervoso, como por exemplo, em quadros de transtornos específicos de aprendizagem (dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia), e transtornos neuropsiquiátricos como o déficit de atenção/hiperatividade, a esquizofrenia,  transtorno de humor bipolar, entre outros, ou serem adquiridas ao longo da vida, como por exemplo, em casos de traumatismos cranioencefálicos, demências e acidente vascular cerebral (COSENZA  et al., 2008; MIOTTO, 2015).
A reabilitação neuropsicológica busca tanto a recuperação quanto a compensação de funções cognitivas alteradas (CAPPA et al., 2005) para que o indivíduo possa adquirir um nível de funcionamento social, físico e psíquico adequado (GUARDIA-OLMOS et al., 2012). Estudos demonstram sua eficácia na melhora de funções cognitivas no desempenho das atividades de vida diária e no aumento da qualidade de vida de pacientes com diferentes tipos de distúrbios que afetam o sistema nervoso (DE VREESE NERI et al., 2001; ÁVILA, 2003; PONTES; HUBNER, 2008; TUCHA, et al., 2011).
Ao abordamos o tema reabilitação neuropsicológica infantil esbarramos em discussões sobre o uso dos termos reabilitação ou habilitação infantil. Em casos de alterações em funções cognitivas causadas por lesões cerebrais a intervenção deverá reabilitar as habilidades perdidas. Já nos transtornos de desenvolvimento a intervenção deverá ter como objetivo habilitar as funções cognitivas não desenvolvidas adequadamente. Um ponto importante é que em ambos os casos, de habilitação ou reabilitação de funções cognitivas com crianças estamos tratando de um indivíduo que se encontra em processo de desenvolvimento paralelo à intervenção (MIOTTO, 2015).
Ao planejarmos um programa de (re)habilitação neuropsicológica devemos ter como um dos principais objetivos generalizar os seus ganhos para o dia a dia do indivíduo.  Partindo da análise dos dados fornecidos através de uma avaliação neuropsicológica, a qual deverá considerar resultados quantitativos, qualitativos e demandas ambientais (escolar, familiar e social), deve-se definir metas e objetivos, visando além de habilitar ou reabilitar funções cognitivas procurar promover  segundo estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (1993) o restabelecimento do mais alto nível de adaptação física, psicológica e social do indivíduo incapacitado  (MIOTTO, 2015).

Graziele Kerges Alcântara
CRP: 06/72942
Psicóloga e Neuropsicóloga
Mestre e Doutoranda em Distúrbios da Comunicação Humana _ FFC/UNESP
Pesquisadora do Laboratório de Investigação dos Desvios da Aprendizagem - LIDA - Departamento de Fonoaudiologia - FFC/UNESP
Especialização em Reabilitação Neuropsicológica - FMUSP/SP
 
Referências Bibliográficas
 
ÁVILA, Renata. Resultados da reabilitação neuropsicológica em paciente com doença de Alzheimer leve. Archives of Clinical Psychiatry, v. 30, n. 4, p. 139-146, 2003.
 
BRANDÃO, Lenisa et al. A Neuropsicologia como especialidade na Fonoaudiologia: consenso de fonoaudiólogos brasileiros. Distúrbios da Comunicação, v. 28, n. 2, 2016.
 
DE VREESE, Luc P. et al. Memory rehabilitation in Alzheimer's disease: a review of progress. International journal of geriatric psychiatry, v. 16, n. 8, p. 794-809, 2001.
 
GUÀRDIA-OLMOS, Joan et al. Neuropsychological rehabilitation and quality of life in patients with cognitive impairments: A meta-analysis study in Spanish-speaking populations. Neurorehabilitation, v. 30, n. 1, p. 35-42, 2012.
 
HAASE, Vitor Geraldi et al. Neuropsicologia como ciência interdisciplinar: consenso da comunidade brasileira de pesquisadores/clínicos em Neuropsicologia. Neuropsicologia Latinoamericana, v. 4, n. 4, 2012.
 
MIOTTO, Eliane Correa; DE LUCIA, Mara Cristina Souza; SCAFF, Milberto. Neuropsicologia clínica. Grupo Gen-Editora Roca Ltda., 2000.
 
PONTES, Livia Maria Martins; HÜBNER, MARIA MARTHA COSTA. A reabilitação neuropsicológica sob a ótica da psicologia comportamental. Archives of Clinical Psychiatry, v. 35, n. 1, p. 6-12, 2008.
 
TUCHA, Oliver et al. Training of attention functions in children with attention deficit hyperactivity disorder. ADHD Attention Deficit and Hyperactivity Disorders, v. 3, n. 3, p. 271-283, 2011.
 

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